Um dos pontos mais importantes para perceber a engrenagem do Vinho do Porto é o sistema do benefício. Devido à sua complexidade, este tema é quase sempre um pedra no sapato daqueles que querem perceber melhor o funcionamento do Douro e do Vinho do Porto. Vamos tentar dar uma ideia do seu funcionamento.
Em 1756, o Marquês de Pombal delimitou pela primeira vez a região do Douro, afim de preservar a qualidade e a genuinidade dos vinhos produzidos. Mais tarde, em 1932, a Casa do Douro, uma associação de viticultores do Douro, teve a missão de cadastrar todas as parcelas de vinha do Douro. Surgiu então a questão de como preservar a qualidade e controlar a quantidade de Vinho do Porto produzida pelos vitivinicultores. Posteriormente, em 1948, com a informação recolhida durante as décadas anteriores e com os dados sobre a quantidade e qualidade das diferentes zonas do Douro, é instituído uma metodologia de classificação da parcelas, conhecida como Método de Pontuação de Moreira da Fonseca, a qual se baseia em 3 critérios principais: solo, clima e condições culturais. Cada um destes critérios é então dividido em quatro parâmetros:
Solo: natureza do terreno; pedregosidade; produtividade; declive.
Clima: localização; altitude; abrigo; exposição.
Condições culturais: castas; armação/condução; idade; compasso.
Cada vinha recebe uma pontuação para cada um destes parâmetros. A soma dos pontos obtidos em cada um dos parâmetros permite depois agrupar as vinhas em 6 grupos, classificando-os com uma letra, de A a F:
- A – mais de 1200 pontos
- B – de 1001 a 1200
- C – de 801 a 1000
- D – de 601 a 800
- E – de 401 a 600
- F – de 201 a 400
- G – de 1 a 200
- H – de -200 a 0
- I – de -400 a -201
A quantidade total de Vinho do Porto a produzir é determinada anualmente pelo IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e Porto e está fortemente relacionada com as vendas e com os stocks existentes. Se as vendas aumentam a quantidade produzida de Vinho do Porto tende a aumentar, e o mesmo se houver uma quebra das vendas.
Quantidade de mosto generoso a fortificar, em litros por hectare, em 2010
- A – 2.043
- B – 2.010
- C – 1.859
- D – 1.818
- E – 1.573
- F – 684
- G – 0
- H – 0
- I – 0
Em 2010 a produção total foi de 60.500.000 litros.
Depois de ser atingida a quota de Vinho do Porto, as uvas que restam são utilizadas para a produção de Vinho do Douro. No passado, as melhores uvas eram exclusivamente utilizadas para a produção de Vinho do Porto. Actualmente, procura-se um equilíbrio, utilizando-se uvas das melhores parcelas tanto para Vinho do Porto como para Vinho do Douro.
Assim, resumindo em poucas palavras o sistema do benefício, as parcelas de vinha da região demarcada do Douro estão todas classificadas sendo-lhes atribuida uma letra que irá determinar a quantidade de Vinho do Porto que se pode fazer em cada parcela, em função da quantidade autorizada anualmente, dependendo das vendas e dos excedentes dos anos anteriores.
Certamente que este artigo não esclareceu todas as suas questões sobre o beneficio. Deixe as suas dúvidas e assim podemos ajudar a esclarecer questões futuras de outros leitores.
Oscar