Vindima no Douro é sinónimo de pisar uvas no lugar. Como o João Ribeiro tem vindo a relatar, o último fim-de-semana de Setembro foi dedicado a rever os amigos e a divertir-nos enquanto vindimávamos e ajudávamos a fazer vinho na Quevedo! No sábado à noite fomos à Quinta das Aranhas (em Ervedosa do Douro), uma adega antiga e tradicional, nas lindíssimas encostas do Rio Torto, propriedade de um colega e amigo da família, Sebastião Mesquita, onde nos recebeu com um extraordinário Vinho do Porto Colheita 1974. Depois desta inspiração era tempo de meter pés ao mosto e lá fomos nós ao trabalho.
Era a segunda vez que pisava uvas. A primeira vez que entrei num lagar foi no ano passado,
com os mesmos amigos, mas na Quinta de Ventozelo. Há quem diga que os Vinhos do Porto pisados em lagar são superiores ao vinhos fermentados em cubas de inox e com maceração mecânica. Eu deixo esse debate para os especialista: DrVino, American Society for Enology and Viticulture.
Quando entrámos no lagar o mosto estava muito frio, com uma temperatura de cerca de 12º. Ao fim de uns minutos nós e mosto já estávamos mais quentes e pisar uvas tornou-se mais agradável. As uvas tinham sido colhidas nesse dia e ainda não estavam a fermentar. Nos primeiros 15 minutos mantivemos uma disciplina militar, todos alinhados e movendo-nos pacientemente para uma extremo e para outro. Mas a “liberdade” que tradicionalmente chega 2 horas depois de começar a pisar, para nós veio mais cedo, devidamente autorizada pelo experiente enólogo Sebastião Mesquita. Começámos então a mover-nos aleatoriamente, enquanto falávamos e nos queixávamos das dores de costas que sentíamos depois de estarmos há já 20 horas acordados. A noite ia longa, o cansaço era evidente nos nossos rostos mas estávamos realmente felizes, a fazer vinho com os amigos enquanto provávamos os belos Colheitas da Quinta das Aranhas. Que mais era necessário?!?
Até breve,
Nadia Adria